sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Tratolixo à beira do colapso!


Desvirtuado o Plano Estratégico, destruído o Project Finance, com a subida em espiral dos investimentos inicialmente previstos, com um serviço da dívida insustentável, com as receitas próprias a caírem e os custos a cavalgarem, com a impossibilidade prática de encostar a Tratolixo por patacos à EGF,  sem um rumo e principalmente sem ambição, a Tratolixo corre o risco de colapsar.
O sonho comanda a vida, dizia, e bem, o Poeta, mas acrescento eu que sem o sonho são as circunstâncias que nos dirigem, a maioria das vezes por maus caminhos e com maus resultados.
Este é o crime que não me canso de denunciar e que foi feito com a Tratolixo e o  Sistema de Resíduos Sólidos de Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra.
A Tratolixo em 2003 ganhou um caminho, uma ambição, uma estratégia sustentada.
Em 2007 perdeu isso tudo, trocando-o por navegação à vista, por ausência de estratégia, de um caminho.
Essa navegação à vista tem custado rios de dinheiro e torna completamente insustentável os custos do sistema para os municípios que o compõem.
Hoje a Tratolixo está no ranking das empresas mais endividadas.
Podia ser também um exemplo de sucesso de investimento  suportado pela actividade da empresa mas não, as alterações introduzidas transformaram isto num peso insustentável para as finanças de Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra.
Entregar a gestão de uma empresa com estas características a quem não percebe a lógica autárquica, a quem desconhece por completo essa realidade, só poderia dar este resultado!
Agora o último bordão é a anunciada decisão de acabar com a AMTRES, a Associação de Municípios que é detentora do capital social da Tratolixo.
Outro erro magistral.
A participação directa dos municípios no capital da Tratolixo significará a entrada directa na dívida de cada uma das câmaras do correspondente valor da quota parte de cada município.  Quais as que aguentam levar de rajada com mais uns milhões?
Depois das trapalhadas que fizeram com a gestão desta empresa, parece-me existir apenas uma saída airosa para acertar o passo da Tratolixo sem penalização dos municípios que os integram:
Repescar o Plano Estratégico reformulando-o no sentido de uma maior ambição ao nível dos recicláveis, autonomizar as receitas da empresa garantindo a cobrança directa aos munícipes, centralizar as recolhas dos recicláveis, avançar com a recolha porta-a-porta dos recicláveis e a recolha selectiva da matéria orgânica, fazendo com que a componente das receitas geradas directamente pela actividade da empresa possa aumentar substancialmente e dessa forma minorar a participação directa das Câmaras nos custos da empresa. Um segundo passo deverá ser a privatização de parte do capital da Tratolixo por forma a diminuir o peso da dívida correspondente a cada município.
Sem estas medidas e a devolução de ambição à sua gestão, Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra poderão correr o risco de ficar sem soluções para o tratamento das mais de mil toneladas diárias de resíduos produzidos nos quatro concelhos.
Quererão os actuais responsáveis autárquicos destes quatro concelhos, que são responsáveis pela criação desta situação de pré-catástrofe, ficar com esta responsabilidade?

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