domingo, 26 de outubro de 2014

OEIRAS A ANDAR PARA TRÁS

Tomo a liberdade de partilhar um pequeno pedaço da história da minha vida.
Fui autarca na Câmara de Cascais entre 1986 e 1993.
Quando me casei em 1987 fui morar para Oeiras.
Confesso a inveja que me fazia quando chegava a casa ao fim do dia e verificava a diferença que existia entre a total ausência de limpeza que existia em Cascais e a qualidade do espaço urbano em Oeiras.
Embora morasse em Oeiras, o meu coração nascido e vivido em Cascais deixava comigo um sentimento de inveja em relação a Oeiras, aos seus autarcas e aos seus serviços de limpeza urbana.
O slogan “É bom viver em Oeiras” aplicava-se com toda a legitimidade!
Em 1993 deixei o meu lugar de Vereador sem ter podido (ou ter sabido) contribuir para a revolução da limpeza urbana em Cascais.
Em 2002 António Capucho convidou-me a regressar á administração da Tratolixo em representação de Cascais, administração que tinha integrado quando da sua constituição em 1991 e até 1993.
A proximidade do fim da concessão da SUMA em Cascais levou-me a elaborar um estudo de viabilidade de constituição de uma empresa municipal para a limpeza urbana que acabou por ter luz verde de Capucho.
Fui incumbido por António Capucho para montar a EMAC que foi gizada a partir do zero, aproveitando os recursos humanos que ainda existiam nos quadros da CMC e recrutando os remanescentes para criar uma empresa que é hoje um referencial nacional.
Comigo nesta fase, para além dos Recursos Humanos transitados da CMC estiveram o saudoso Rui Libório e Carlos Reis.
Já que estamos em dia de confissões, confesso o orgulho que ainda hoje sinto pela obra feita, na construção desta empresa.
A aposta na qualidade e no rigor ditaram que uma das mensagens que sempre dei aos serviços é que “tinha que ser notório para quem chegasse a Cascais vindo de Sintra ou de Oeiras que o território de Cascais estava mais limpo, mais cuidado, tínhamos que ser tão bons ou melhores!”
  Para mim a excelência era um objetivo primeiro. Não tínhamos que ser melhores mas, se não o conseguíssemos, tínhamos pelo menos que ser tão bons como os outros!
A EMAC conseguiu afirmar-se pela qualidade dos serviços prestados e pela exigência, pela excelência conseguida.
Mesmo não tendo hoje qualquer ligação à EMAC, cada sucesso daquela empresa sinto-o um pouco como meu também.
E Oeiras?
Oeiras claudicou. Deixou de querer ser a diferença pela positiva.
O retrocesso é abissal e atrevo-me a afirmar que a qualidade da limpeza urbana em Oeiras está hoje a nível bem inferior ao que Cascais tinha em 1993 e do qual eu me queixava!
A zona onde ainda hoje moro é um exemplo do que não deve existir em limpeza urbana.
Lixo pelo chão, muito por incúria dos funcionários da recolha de Resíduos Sólidos Urbanos, varredura com periodicidade quinzenal (?), ecopontos a deitar por fora, num claro “convite” à reciclagem.
Monstros na via pública eternizados por mais de uma semana, Oeiras hoje está muito longe dos idos anos 90 e o nível de limpeza urbana é tão bom como nos subúrbios de Lisboa, Amadora, Loures ou Odivelas!
O atual Presidente da Câmara de Oeiras e os seus Vereadores não são tão novos que não se lembrem como Oeiras já foi.
A dúvida reside em porque não se faz nada para contrariar esta situação.

Será só por não saberem como?...