sábado, 23 de fevereiro de 2013

OEIRAS REGRESSA À CARROÇA DO LIXO?

É constrangedor o que se está a passar em Oeiras no que respeita à gestão ambiental.
Oeiras, nos anos oitenta, com Isaltino de Morais, foi a lufada de ar fresco nas novas práticas de defesa ambiental.
Oeiras foi pioneira na recolha de recicláveis, foi pioneira na recolha porta-a-porta de indiferenciado e de recicláveis, foi motor imparável na exigência da limpeza urbana e no tratamento dos espaços verdes.
Notava-se a diferença quando se entrava no concelho de Oeiras, notava-se a diferença quando se saía do concelho de Oeiras. Oeiras valia a pena, como o slogan bem conseguido dizia.
Durante a vigência do Plano Estratégico de Resíduos de Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra na sua versão original, entre 2003 e 2006, Oeiras foi o único município que cumpria os rácios previstos para a recolha selectiva, fruto da sua política de recolha selectiva porta-a-porta.
Depois de tantos anos à frente de todos os outros, a Câmara de Oeiras parece agora querer sobressair em relação aos outros pela forma mais negativa.
Regredindo.
Fazendo regressar a sua população aos anos setenta.
Ao longo dos últimos 6 anos, a qualidade do serviço prestado pela CMO em termos ambientais decaiu de forma vertiginosa.
A limpeza urbana e a manutenção dos espaços verdes de excelente passou a medíocre. Uma clara incapacidade de gestão dos recursos humanos, a falta de transmissão de entusiasmo e empenho aos funcionários municipais foi latente.
Nos anos noventa os funcionários de Oeiras tinham orgulho em vestir aquela camisola. Agora parecem sentir vergonha…
Com uma clara falta de estratégia nesta área, os responsáveis municipais pela área do ambiente não quiseram ou não souberam enfrentar os problemas e encontrar as soluções adequadas.
Ao invés, o rumo tomado foi o de desmontar o que resta de modernidade nas soluções de recolha de RSU.
Sempre afirmei que a solução, o futuro da recolha de RSU, a afirmação de uma estratégia centrada na recolha selectiva de RSU e a consequente optimização da reciclagem de resíduos, passava pela aproximação das soluções aos munícipes, pedir-lhes a colaboração de separar mas facilitar as soluções de deposição.
O que está Oeiras a fazer?
Depois de colocar um fim à recolha de recicláveis porta-a-porta vai acabar com a recolha de RSU indiferenciado porta-a-porta e regressar à contentorização colectiva!
Na Quinta do Marquês, onde sempre existiu recolha porta-a-porta de RSU em contentores individuais de 240 L por prédio, vai agora passar a ser feita em contentorização colectiva de 800 L.
Numa zona com graves limitações de estacionamento para os moradores, fruto de deficiente trabalho urbanístico da CMO, agora vão mais 8 ou 10 lugares de estacionamento ser ocupados com contentores de RSU. Os prédios, todos com conduta para a recolha de RSU vão agora ter que selar estas condutas porque passam  a ser obsoletas. Quem paga? Os munícipes claro!
O que pensarão os munícipes que optaram pela sua casa, em detrimento de outras existentes no mercado, precisamente porque aquela estava dotada de conduta de lixo? Certamente que estão a ser enganados, defraudados pelo executivo camarário de Oeiras!
Vai Oeiras melhorar ambientalmente?
Não.
Concentrar RSU em contentorização colectiva é um claro retrocesso ambiental!
A Qualidade de Vida dos munícipes de Oeiras vai melhorar?
Claro que não. O conforto de colocar os RSU na conduta vai ser substituído por descer com o saco de RSU no elevador e, esteja frio ou calor, deslocar-se até ao contentor de 800 L mais próximo ou, se estiver cheio, deixar o lixo no chão para os cães  e restantes animais poderem deliciar-se!
A CMO vai poupar com esta medida?
Poderá poupar algum dinheiro em recolhas que vai ser consumido em receitas não realizadas pela diminuição de receitas em recicláveis! Grande negócio!
A CMO está à deriva nesta matéria e a prestar um péssimo serviço aos seus munícipes! Mais, esta retirada de “direitos” adquiridos pelos munícipes há dezenas de anos é um claro esbulho praticado pela equipa liderada por Isaltino de Morais!
Mas, o mais angustiante é o retrocesso que esta medida significa. Nos anos setenta iniciou-se a colocação de contentorização colectiva que mais tarde evoluiu para outras soluções mais amigas dos munícipes.
Em Oeiras agora regressamos aos contentores de 800 L, ou seja andamos para trás 40 anos!
A continuarem os eleitores a votar neste tipo de candidatos a autarcas, não faltará muito para vermos regressar as carroças puxadas a cavalos para a recolha do lixo…
Em Oeiras, os munícipes estão a ser claramente “lixados”!...  

sábado, 12 de janeiro de 2013

O FIM DA TRATOLIXO

O Tribunal de Comércio de Lisboa acaba de nomear um Administrador Judicial para a Tratolixo com base no incumprimento dos compromissos com a entidade construtora do Digestor Anaeróbio de Mafra.
Digam o que disserem, os autores desta rábula deverão dar-se por satisfeitos porque o objectivo inicial traçado em 2006 vai-se concretizar:
A administração Central vai ter que pagar a “falta de capacidade” dos autarcas de Cascais Mafra Oeiras e Sintra ou a Tratolixo vai parar às mãos de particulares a preço de saldo.
No entanto, seja qual for a situação que se venha a concretizar, os munícipes destes quatro concelhos vão pagar com língua de palmo esta aventura.
Confesso que a par da profunda indignação que nutro pelos autores do afundamento de uma empresa que hoje podia ser um exemplo nacional e mesmo internacional, tenho que tirar o chapéu pela forma como Carlos Carreiras e Isaltino de Morais conseguiram destruir o capital de afirmação e crescimento que a Tratolixo tinha em 2006, levando a reboque os Presidentes de Mafra e de Sintra.
De conluio ou porque as suas estratégias se interligaram naquele momento, Carreiras e Isaltino vão ficar na história pela monumental asneira que fizeram quando decidiram matar a Tratolixo.
A estratégia então seguida de dividir as competências da Tratolixo relativamente à gestão dos recicláveis pelas autarquias, retirar à Tratolixo a gestão da comunicação relativamente à gestão dos resíduos no sistema dos quatro municípios e não avançar com a recolha selectiva dos resíduos orgânicos foi suficiente para em menos de três anos fazer cair o Project Finance por alteração dos pressupostos financeiros de produção que tinham levado o sindicato bancário a financiar este projecto em 176 milhões de euros.
Há um actor que convém trazer à colação para melhor enquadrar tudo isto – Domingos Saraiva.
A destruição do Plano Estratégico de Resíduos foi entregue a Domingos Saraiva e, convenhamos, fê-lo a imaginar que voltaria à EGF pela porta grande e se aposentaria como Administrador daquela participada da Águas de Portugal.
As coisas acabaram por não lhe correr muito bem e, passados 6 anos continua “preso” à Tratolixo.
Tem sido um gestor à altura do pretendido.
Desde a sua chegada fechou a Coleu, empresa que procedia à recolha de recicláveis, vendeu a patacos a Tratospital, empresa de tratamento de resíduos hospitalares, acabou com a empresa que tinha sido criada para construir uma unidade de reciclagem de plástico, anulou a parte do investimento que previa a construção de uma unidade de selecção de recicláveis e entregou esse negócio à Valorsul, mudou o projecto do Digestor Anaeróbio de Mafra acrescentando-lhe mais dez milhões de euros de investimento e agora senta-se ao lado de um Administrador Judicial!
Um verdadeiro especialista…
Felizmente chegou só em 2007!
Se tivesse chegado em 2002, quando não havia estratégia, não havia soluções de tratamento, não havia aterro, não havia alternativas, o então Ministro das Cidades, Isaltino de Morais, apenas conseguia Fundos Comunitários na ordem de 20M€ para um investimento necessário de 176M€, certamente teria conseguido vender Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra aos Marroquinos!