sexta-feira, 11 de maio de 2012

SERÁ MANIA DA PERSEGUIÇÃO?...

As notícias que nos chegam da Tratolixo não são nada animadoras.
Sem acesso a crédito bancário, com dívidas brutais à banca e aos grandes fornecedores, nomeadamente o consórcio que construiu a instalação de Mafra, a Tratolixo agonia em cada dia que passa.
Para ajudar à festa, Cascais mantém um arreliador atraso nos pagamentos que ultrapassam os 2,5 milhões de euros.
O nó cego que os autarcas de Cascais, Mafra Oeiras e Sintra deram nesta empresa em 2007 está infelizmente a cumprir integramente as expectativas que temos vindo a formular em relação às “estratégias” desde então seguidas.
O objectivo então anunciado em 2007 passava por “entregar” a Tratolixo à EGF, empresa do grupo Águas de Portugal.
No entanto, finalmente tivemos um governo que traduziu a necessidade imperiosa de retirar o Estado de negócios que não faz sentido manter sob a sua esfera e pretende privatizar a EGF.
Ora seria de esperar que a Ministra que tutela esta pasta só poderia ter uma resposta a esta pretensão – não aceitar que a EGF assuma mais dívida, a saber, a da Tratolixo.
Neste impasse, tudo aponta para que a última opção disponível venha a passar por os quatro municípios iniciarem o processo de privatização da Tratolixo.
E é precisamente perante esta nova realidade que se me alojou no espírito uma dúvida que os leitores deste texto poderão considerar ser devida à minha mania da perseguição.
Afinal todo este processo foi apenas fruto de incapacidade, de ignorância, de incompetência até, ou foi antes um processo meticulosamente ajustado para que o resultado viesse a ser efectivamente este e o objectivo ser a venda da Tratolixo a privados por um preço muito mais baixo do que aquele que poderia ter representado essa venda em 2007?
Há uma coisa que sempre me confundiu.
Carlos Carreiras é obstinado nas suas convicções, mas custa-me a acreditar que não tenha sabido ler que o que insistia em querer transformar a Tratolixo seria invariavelmente a sua morte como empresa.
Mesmo não tendo licenciatura, Carlos Carreiras tem toda uma escola de vida feita em empresas com dimensão, acompanhou grandes investimentos no Grupo Cintra e portanto a vida empresarial forneceu certamente a quantidade de conhecimento e experiência para poder lidar com este tipo de decisões. Deu aliás, em outras situações, boas provas disso mesmo.
Por tudo isso, é muito estranho esta ausência de dúvidas de Carlos Carreiras na gestão deste processo de que resultou esta asneira de monumental dimensão.
O desfecho que a eventual privatização da Tratolixo venha a ter dirá muito da verdade ou especulação que tudo isto que acabo de afirmar terá.
Mas, não havendo muitos grupos na área dos Resíduos em Portugal fácil será perceber qual ou quais se movimentarão para entrar no capital da Tratolixo.
O conhecimento do “feliz” contemplado, ditará se eu preciso ou não de ir ao médico tratar a minha “mania da perseguição”!...