quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

PARA QUE SERVE A AGÊNCIA DE ENERGIA EM CASCAIS?

Esta é a pergunta retórica que todos os interessados na gestão autárquica deveriam ter feito a si próprios antes da decisão da sua criação e na definição dos objectivos a traçar para a sua actividade.
 
Recordo-me que em 2006, logo após a reeleição de António Capucho em Cascais e a estreia como vice-presidente de Carlos Carreiras, ter com ele abordado este tema e até ter produzido algumas sugestões.
 
Nesta conversa com Carlos Carreiras recordo-me de ter aconselhado que seria muito vantajoso a Câmara de Cascais promover junto das de Oeiras e de Sintra a ideia de criar uma grande Agência Multimunicipal que abarcasse estes três municípios e eventualmente juntasse também Mafra.
 
As agências então existentes em Oeiras e em Sintra apresentavam um deficit de projectos, de ambição e de capacidade de intervenção no território, muito por falta de escala. Em minha opinião, que transmiti a Carlos Carreiras, seria muito vantajoso dispor de um instrumento que pela escala territorial permitisse pensar e actuar mais alto, ver mais longe, ser mais ambicioso em termos de defesa ambiental.
 
Claro que uma opção deste tipo ao mesmo tempo que dava capacidade de intervenção no terreno, podia eventualmente retirar protagonismo e visibilidade aos responsáveis políticos de cada Câmara.
 
Carlos Carreiras optou por criar uma Agência de Energia de Cascais, tutelada exclusivamente pela CMC.
 
Para que serviu esta Agência?
 
Desenvolveu um trabalho inicial meritório e bem feito, por sinal, que foi a Matriz Energética do Município de Cascais e o Plano Municipal de Acção para a Eficiência Energética e Sustentabilidade de Cascais.
 
E depois?
 
Enveredaram pelo folclore dos caça-watts, dos “Green Festival”, ou seja muita conversa e muito pouca acção.
 
Esta é a crítica que tem sido válida para muita da actividade desenvolvida pela miríade de Agências criadas em Cascais e a de energia não é excepção, antes um exemplo bem visível de como se quer tirar resultados políticos baseados em aparências!
 
Alguém já quantificou os resultados obtidos com a actividade desta Agência e avaliou a rentabilidade do dinheiro que ela já custou aos cofres municipais?
 
O que poderia ser a Agência de Energia de Cascais?
 
Podia ser a “start-up” de investimentos de produção de energia limpa no concelho de Cascais, podia ser a viabilizadora de instalação de micro-gerações e de mini-gerações fotovoltaicas ou de sistemas solares térmicos em boa parte dos edifícios públicos (escolas, colectividades, instalações desportivas, ipss), mesmo com o ressarcimento da verba adiantada com base nas receitas geradas com a venda de energia.
 
A Agência de Energia de Cascais podia ter sido a entidade financiadora por empréstimo às entidades (com juros reduzidos ou mesmo sem a cobrança de juros) e obter a reversão das verbas em prazos de 8 a 10 anos, com as receitas da venda da energia e as poupanças geradas, o que permitiria que não resultassem novos encargos para as entidades.
 
Tenho uma experiencia que não resisto a contar e que ilustra o que acabo de criticar.
 
Sou presidente dum clube desportivo, o Clube de Futebol de Sassoeiros, e construímos com financiamento da CMC um novo pavilhão, inaugurado em 2008.
 
Em 2010 contactámos por mail, a Agência de Energia de Cascais pedindo ajuda para estudar soluções solares térmicas e eventualmente a instalação de uma microgeração.
 
Ainda hoje aguardo uma resposta…
 
Então para que serve esta Agência Cascais Energia?
 
Se alguém souber, que me ajude a desvendar o mistério que eu, confesso-me impotente para perceber o interesse de uma estrutura a funcionar nestes moldes…

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