As notícias que nos
chegam da Tratolixo não são nada animadoras.
Sem acesso a
crédito bancário, com dívidas brutais à banca e aos grandes fornecedores,
nomeadamente o consórcio que construiu a instalação de Mafra, a Tratolixo
agonia em cada dia que passa.
Para ajudar à
festa, Cascais mantém um arreliador atraso nos pagamentos que ultrapassam os
2,5 milhões de euros.
O nó cego que os
autarcas de Cascais, Mafra Oeiras e Sintra deram nesta empresa em 2007 está infelizmente a cumprir integramente as expectativas que temos vindo a formular
em relação às “estratégias” desde então seguidas.
O objectivo então
anunciado em 2007 passava por “entregar” a Tratolixo à EGF, empresa do grupo Águas de Portugal.
No entanto,
finalmente tivemos um governo que traduziu a necessidade imperiosa de retirar o
Estado de negócios que não faz sentido manter sob a sua esfera e pretende
privatizar a EGF.
Ora seria de
esperar que a Ministra que tutela esta pasta só poderia ter uma resposta a esta
pretensão – não aceitar que a EGF assuma mais dívida, a saber, a da Tratolixo.
Neste impasse, tudo
aponta para que a última opção disponível venha a passar por os quatro
municípios iniciarem o processo de privatização da Tratolixo.
E é precisamente
perante esta nova realidade que se me alojou no espírito uma dúvida que os
leitores deste texto poderão considerar ser devida à minha mania da
perseguição.
Afinal todo este processo foi apenas fruto de
incapacidade, de ignorância, de incompetência até, ou foi antes um processo
meticulosamente ajustado para que o resultado viesse a ser efectivamente este e
o objectivo ser a venda da Tratolixo a privados por um preço muito mais baixo
do que aquele que poderia ter representado essa venda em 2007?
Há uma coisa que
sempre me confundiu.
Carlos Carreiras é obstinado nas
suas convicções, mas custa-me a acreditar que não tenha sabido ler que o que
insistia em querer transformar a Tratolixo seria invariavelmente a sua morte
como empresa.
Mesmo não tendo
licenciatura, Carlos
Carreiras tem toda uma escola de vida feita em empresas com
dimensão, acompanhou grandes investimentos no Grupo Cintra e portanto a vida
empresarial forneceu certamente a quantidade de conhecimento e experiência para
poder lidar com este tipo de decisões. Deu aliás, em outras situações, boas
provas disso mesmo.
Por tudo isso, é
muito estranho esta ausência de dúvidas de Carlos Carreiras na
gestão deste processo de que resultou esta asneira de monumental dimensão.
O desfecho que a
eventual privatização da Tratolixo venha a ter dirá muito da verdade ou
especulação que tudo isto que acabo de afirmar terá.
Mas, não havendo
muitos grupos na área dos Resíduos em Portugal fácil será perceber qual ou
quais se movimentarão para entrar no capital da Tratolixo.
O conhecimento do
“feliz” contemplado, ditará se eu preciso ou não de ir ao médico tratar a minha
“mania da perseguição”!...
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