Todos nós sabemos
que nas nossas casas ou nas empresas, quanto mais consumirmos electricidade,
água ou gás, mais pagamos.
Tem lógica.
Isso permite-nos,
em cada momento, valorizar os custos expectáveis e tomar medidas conducentes a
minimizar essas facturas.
E quanto ao lixo?
Pois sejamos nós
cidadãos conscientes, que respeita a separação dos recicláveis e entrega esses
resíduos para reciclagem, que respeita os horários previstos para recolha de
monstros ou de restos de jardins ou sejamos nós cidadãos completamente
indiferentes aos RSU e á forma de o entregar para ser recolhido que pagaremos o
mesmo, exactamente o mesmo.
Seja um grande
produtor ou um pequeno produtor de RSU,
separe ou não separe os recicláveis, respeite ou não respeite as regras de
recolha, paga exactamente o mesmo, em função do consumo da água.
Não é justo.
Não é razoável.
Não tem lógica.
É
administrativamente mais fácil (a eterna lei do menor esforço!...) mas não é de
todo a forma mais eficaz de introduzir o mesmo nível de controlo pelo consumo
gerado nos serviços de recolha e tratamento de RSU dos municípios!
O saber quanto
custa pode ditar toda a diferença na responsabilização do cidadão e na criação
de uma atitude ambientalmente responsável.
Dizem muitos que é
impossível encontrar um sistema que funcione bem e permita indexar a cobrança
directa da quantidade e do tipo de RSU produzido.
Eu defendo que é
possível. E, pasmem-se os mais pessimistas, nem é preciso inventar um novo
sistema. Há na Europa, nos Estados Unidos ou no Japão, exemplos mais ou menos
eficazes do sistema PAYT (Pay as you throw) – Pagar em Função do Tipo e
Quantidade de RSU produzido.
Em Óbidos, onde
existe um autarca sem medo de inovar e de testar novas soluções quando
razoáveis, está a ser testado este tipo de cobrança.
Há vários métodos
testados em todo o mundo, dependentes da cultura e hábitos cívicos dos povos,
cruzados com um reforço de fiscalização e sensibilização.
- Métodos ligados à
periodicidade de recolha;
- o cidadão paga em função da quantidade de vezes que os seus RSU são recolhidos. O controlo é feito através de micro-chips instalados nos contentores individuais,
- Métodos ligados à
quantidade de RSU produzidos;
- o cidadão paga em função do peso dos seu contentor quando descarregado para a viatura de recolha;
- o cidadão paga em função da quantidade de sacos adquiridos seja para RSU indiferenciado seja para recicláveis;
Estas formas de
cobrança podem assentar em duas formas distintas: apenas indexado ao peso ou
volume de RSU produzido, ou com uma tarifa mista, em que uma parte da tarifa é
fixa, respeitante à disponibilidade do sistema em ter soluções de recolha,
tratamento e destino final de RSU, e uma outra tarifa variável, em função da
quantidade e tipo de RSU entregues.
Todas estas
variantes têm vantagens e desvantagens mas são indubitavelmente mais justas e
mais disciplinadoras. Os que têm uma atitude ambientalmente mais responsável
pagam menos, os outros mais. É a Justiça a funcionar!
Quando
Administrador da Tratolixo, tive a oportunidade de propor às quatro Câmaras que
compõem este sistema, Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra, em 27 de Setembro de
2006, uma solução deste tipo para colocar um fim aos trágicos e habituais
atrasos nos pagamentos efectuados pelos Municípios para o tratamento e destino final
dos RSU entregues.
Claro que todos os
autarcas, sem excepção, fizeram vista grossa a esta proposta.
Porquê?
Porque o que
importa não é garantir sustentabilidade das soluções básicas a cargo dos
municípios, a distribuição da água, o saneamento ou a recolha tratamento e
destino final dos RSU, o que importa é ter dinheiro a circular que em cada
momento se aplica em coisas básicas, ou nas mordomias, ou em festas e
festarolas que se acredita continuam a render votos…
Em 2006, quando
produzi a proposta estava convicto da minha razão.
Hoje, em 2012,
quando vejo ao que chegaram estes quatro municípios em termos organizativos
nesta área dos Resíduos, mais me convenço que o caminho que então preconizei é
actual e ajustado!
Mas a solução do
problema colide com a falta de visão, de projecto e de prioridades no que à
gestão dos RSU respeita.
Cascais, Mafra,
Oeiras e Sintra têm um problema enorme entre mãos chamado Tratolixo, estão
dependentes que o governo através da EGF possa realizar o milagre da
recuperação financeira daquela empresa, mas o problema de fundo está no modelo
errado de gestão da Tratolixo e do modelo de gestão de resíduos por que optaram
em 2007.
Não se vê, em
nenhum dos quatro autarcas destes municípios, a capacidade de ver longe, de
querer encontrar “A Solução” para este problema.
É pena. Estes
munícipes mereciam mais…
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