Na semana passada
li uma notícia relativamente aos objectivos atingidos pelo Japão na reciclagem
do plástico que me deixou atónito: atingiu uma taxa de reciclagem de 77% do
potencial existente nos seus resíduos sólidos urbanos.
É um feito notável.
Notável em várias
medidas.
Notável porque
demonstra um povo disciplinado, que acata este tipo de orientações sem grande reserva
ou desconfiança.
Notável porque, sendo
a principal razão invocada para a optimização da reciclagem do plástico a
dificuldade crescente em encontrar terrenos para a construção de aterros,
poderiam os responsáveis ter caminhado num sentido mais simplista, mais fácil e
também barato, que seria a valorização energética dos resíduos.
Notável porque
demonstra que o modelo que a Tratolixo desenvolveu em 2003 e que foi adulterado,
ou melhor dizendo, abandonado em 2007, não era o disparate que alguns
iluminados quiseram fazer crer.
Como é que os
autarcas de Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra terão recebido esta notícia? Onde
está então a impossibilidade de investir numa via de reciclagem dos RSU com
sucesso? Os Japoneses conseguem! E nós não conseguimos porquê?
Porque não
acreditamos que as pessoas podem ganhar novos hábitos.
Porque não
acreditamos que as pessoas podem comungar de objectivos comuns, se forem bem
explicados.
Porque preferimos
coisas menos ambiciosas para que não corramos o risco de falhar.
Porque
definitivamente não gostamos de assumir compromissos.
Em alguns casos
pode até ter sido por outras razões mesquinhas e mal explicadas mas o sistema “gerido”
pela Tratolixo optou por não querer ser diferente da média nacional. Optou pela
mediocridade.
O Japão chega aos 77%
e Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra chegam aos 20,5%!
São metas parecidas…
Afinal quem tem “sinais de riqueza” que se permite desperdiçar este potencial são…
os Portugueses!…
Trabalha-se neste
sistema da Tratolixo sem ambição, sem chama, sem objectivos que não sejam
garantir o dia-a-dia… É lamentável!
O mais estranho é que os responsáveis autárquicos
tardam em assumir o enorme erro que foi alterar o Plano Estratégico e pior do
que isso, a confiança que depositaram nos coveiros deste plano!
O investimento na
reciclagem continua a não ser feito, e a Tratolixo caminha a passos largos para
se transformar no elefante branco de Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra.
Vamos continuar a
enterrar plástico nos aterros quando o poderíamos estar a reciclar e a
reutilizar.
Vamos continuar a
importar petróleo para fabricar plástico novo enquanto deixamos em aterro uma
quantidade enorme de plástico que poderia poupar a saída de divisas.
Afinal nós, os
Portugueses somos ricos.
Cascais, Mafra,
Oeiras e Sintra não fogem a esta regra!
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