Desvirtuado o Plano
Estratégico, destruído o Project Finance, com a subida em espiral dos
investimentos inicialmente previstos, com um serviço da dívida insustentável,
com as receitas próprias a caírem e os custos a cavalgarem, com a
impossibilidade prática de encostar a Tratolixo por patacos à EGF, sem um rumo e principalmente sem ambição, a Tratolixo corre o risco de colapsar.
O sonho comanda a
vida, dizia, e bem, o Poeta, mas acrescento eu que sem o sonho são as
circunstâncias que nos dirigem, a maioria das vezes por maus caminhos e com
maus resultados.
Este é o crime que
não me canso de denunciar e que foi feito com a Tratolixo e o Sistema de Resíduos Sólidos de Cascais,
Mafra, Oeiras e Sintra.
A Tratolixo em 2003
ganhou um caminho, uma ambição, uma estratégia sustentada.
Em 2007 perdeu isso
tudo, trocando-o por navegação à vista, por ausência de estratégia, de um
caminho.
Essa navegação à
vista tem custado rios de dinheiro e torna completamente insustentável os
custos do sistema para os municípios que o compõem.
Hoje a Tratolixo
está no ranking das empresas mais endividadas.
Podia ser também um
exemplo de sucesso de investimento
suportado pela actividade da empresa mas não, as alterações introduzidas
transformaram isto num peso insustentável para as finanças de Cascais, Mafra,
Oeiras e Sintra.
Entregar a gestão
de uma empresa com estas características a quem não percebe a lógica
autárquica, a quem desconhece por completo essa realidade, só poderia dar este
resultado!
Agora o último
bordão é a anunciada decisão de acabar com a AMTRES, a Associação de Municípios
que é detentora do capital social da Tratolixo.
Outro erro
magistral.
A participação
directa dos municípios no capital da Tratolixo significará a entrada directa na
dívida de cada uma das câmaras do correspondente valor da quota parte de cada
município. Quais as que aguentam levar
de rajada com mais uns milhões?
Depois das
trapalhadas que fizeram com a gestão desta empresa, parece-me existir apenas
uma saída airosa para acertar o passo da Tratolixo sem penalização dos
municípios que os integram:
Repescar o Plano
Estratégico reformulando-o no sentido de uma maior ambição ao nível dos
recicláveis, autonomizar as receitas da empresa garantindo a cobrança directa
aos munícipes, centralizar as recolhas dos recicláveis, avançar com a recolha
porta-a-porta dos recicláveis e a recolha selectiva da matéria orgânica, fazendo
com que a componente das receitas geradas directamente pela actividade da
empresa possa aumentar substancialmente e dessa forma minorar a participação
directa das Câmaras nos custos da empresa. Um segundo passo deverá ser a
privatização de parte do capital da Tratolixo por forma a diminuir o peso da
dívida correspondente a cada município.
Sem estas medidas e
a devolução de ambição à sua gestão, Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra poderão
correr o risco de ficar sem soluções para o tratamento das mais de mil
toneladas diárias de resíduos produzidos nos quatro concelhos.
Quererão os actuais
responsáveis autárquicos destes quatro concelhos, que são responsáveis pela
criação desta situação de pré-catástrofe, ficar com esta responsabilidade?
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