sábado, 12 de janeiro de 2013

O FIM DA TRATOLIXO

O Tribunal de Comércio de Lisboa acaba de nomear um Administrador Judicial para a Tratolixo com base no incumprimento dos compromissos com a entidade construtora do Digestor Anaeróbio de Mafra.
Digam o que disserem, os autores desta rábula deverão dar-se por satisfeitos porque o objectivo inicial traçado em 2006 vai-se concretizar:
A administração Central vai ter que pagar a “falta de capacidade” dos autarcas de Cascais Mafra Oeiras e Sintra ou a Tratolixo vai parar às mãos de particulares a preço de saldo.
No entanto, seja qual for a situação que se venha a concretizar, os munícipes destes quatro concelhos vão pagar com língua de palmo esta aventura.
Confesso que a par da profunda indignação que nutro pelos autores do afundamento de uma empresa que hoje podia ser um exemplo nacional e mesmo internacional, tenho que tirar o chapéu pela forma como Carlos Carreiras e Isaltino de Morais conseguiram destruir o capital de afirmação e crescimento que a Tratolixo tinha em 2006, levando a reboque os Presidentes de Mafra e de Sintra.
De conluio ou porque as suas estratégias se interligaram naquele momento, Carreiras e Isaltino vão ficar na história pela monumental asneira que fizeram quando decidiram matar a Tratolixo.
A estratégia então seguida de dividir as competências da Tratolixo relativamente à gestão dos recicláveis pelas autarquias, retirar à Tratolixo a gestão da comunicação relativamente à gestão dos resíduos no sistema dos quatro municípios e não avançar com a recolha selectiva dos resíduos orgânicos foi suficiente para em menos de três anos fazer cair o Project Finance por alteração dos pressupostos financeiros de produção que tinham levado o sindicato bancário a financiar este projecto em 176 milhões de euros.
Há um actor que convém trazer à colação para melhor enquadrar tudo isto – Domingos Saraiva.
A destruição do Plano Estratégico de Resíduos foi entregue a Domingos Saraiva e, convenhamos, fê-lo a imaginar que voltaria à EGF pela porta grande e se aposentaria como Administrador daquela participada da Águas de Portugal.
As coisas acabaram por não lhe correr muito bem e, passados 6 anos continua “preso” à Tratolixo.
Tem sido um gestor à altura do pretendido.
Desde a sua chegada fechou a Coleu, empresa que procedia à recolha de recicláveis, vendeu a patacos a Tratospital, empresa de tratamento de resíduos hospitalares, acabou com a empresa que tinha sido criada para construir uma unidade de reciclagem de plástico, anulou a parte do investimento que previa a construção de uma unidade de selecção de recicláveis e entregou esse negócio à Valorsul, mudou o projecto do Digestor Anaeróbio de Mafra acrescentando-lhe mais dez milhões de euros de investimento e agora senta-se ao lado de um Administrador Judicial!
Um verdadeiro especialista…
Felizmente chegou só em 2007!
Se tivesse chegado em 2002, quando não havia estratégia, não havia soluções de tratamento, não havia aterro, não havia alternativas, o então Ministro das Cidades, Isaltino de Morais, apenas conseguia Fundos Comunitários na ordem de 20M€ para um investimento necessário de 176M€, certamente teria conseguido vender Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra aos Marroquinos!