A Câmara Municipal
de Cascais iniciou um processo de concentração das suas empresas municipais e
agências que pode ser discutível quanto aos resultados anunciados versus
aqueles que irão ser obtidos, nomeadamente quanto a poupanças, mas não é
exactamente esse o assunto a discutir aqui e agora.
Mas uma das decisões,
a de renomear a EMAC e o resultado final da concentração pretendida de lhe
juntar as Agências Cascais Natura e Cascais Atlântico, é merecedora de crítica
veemente, pelo absurdo que encerra, pelos motivos que espreitam por detrás da
cortina, por se tratar de uma decisão desprovida de defesa ao nível da imagem,
do negócio e dos custos associados.
A EMAC é claramente
uma das jóias da coroa da acção desenvolvida pelos executivos liderados por António Capucho em
Cascais a que, modéstia à parte, eu estive ligado à sua concepção e implementação,
quer na sua primeira administração, com Rui Libório e Carlos Reis, quer numa comissão criada por António Capucho que
estudou a sua implementação, com Carlos Carreiras e João Dias Coelho.
Para mim é e será
sempre motivo de um enorme orgulho ter estado ligado à génese da EMAC.
Agora, anunciada a
intenção de “rebranding” da EMAC, vale a pena analisar as razões, os objectivos
e a eficácia de tal medida.
A EMAC foi um caso
de sucesso à nascença.
Com a eficiência
dos muitos profissionais que trabalham naquela empresa aos mais variados níveis
e funções, e com o modelo de gestão nela implementado desde a primeira hora,
foi possível garantir um reconhecimento público muito favorável na actividade
desenvolvida pela EMAC.
Este reconhecimento
manteve-se ao longo dos seis anos de actividade que já leva e sedimentou-se de
uma forma muito sólida.
A empresa agora
liderada por Rui Libório
é quase um “case study” do que pode e deve ser uma empresa municipal com uma
elevada capacidade operacional e qualidade de serviço prestado ao nível da
limpeza pública e recolha de resíduos sólidos urbanos.
Por isso, promover
o rebranding de uma empresa com seis anos que detém uma excelente imagem pública
é, no mínimo, um péssimo acto de gestão.
A renomeação da
EMAC, iniciais de Empresa Municipal Ambiente Cascais, para Cascais Ecológico é de
um mau gosto brutal e um retrocesso nos conceitos modernos da gíria ligada aos conteúdos
do ambiente.
Mas é acima de tudo
uma medida anti-económica, atendendo aos custos de alteração de logótipos existentes
em milhares de contentores, ecopontos, papeleiras, viaturas de recolha,
viaturas operacionais e de transporte de pessoal ou o desperdício no estacionário
existente, brochuras, panfletos, publicidade estática, etc.
Ora estes custos vão
ser suportados pelo erário público, pelo que não se entende a leveza com que tal
medida é tomada!
Também ao nível da
notoriedade quase que se pode considerar
um atentado à lógica e à sanidade mental.
Tomara Lisboa,
Sintra ou Oeiras, só para usar exemplos próximos, ter um activo com imagem tão
positiva e com tão boa notoriedade pública como Cascais tem com a sua EMAC. Nada
pode justificar deitar fora tal património!
Só encontro uma razão
para justificar esta medida e, a confirmar-se, é tão mesquinha, tão rasteira,
que não tenho outras palavras para a classificar.
Esta medida de
renomeação da EMAC só parece ter uma intenção inconfessável, que é apagar
definitivamente as suas origens no mandato exercido por António Capucho e fazer
parecer que se trata de algo que foi criado na gestão municipal exercida por
Carlos Carreiras.
Se é esta a razão,
e a profunda reflexão que tenho feito sobre este assunto não me levou a outra,
então chegámos a um nível da gestão autárquica e do exercício do poder político
nunca antes visto, desbaratando-se dinheiros e recursos públicos com objectivos
que de público e da defesa dos seus interesses não tem nada.
É revelador. Muito!